sexta-feira, 3 de abril de 2009

Memórias (da filha...)

Do Carvalhal... há lembranças muito boas! Há um agradecimento eterno pelo privilégio (apenas recentemente reconhecido) que é poder fazer parte deste mundo...
Lembro com carinho aquelas férias de Verão... a alegria que é para uma criança andar à vontade o dia todo, aqueles miúdos todos juntos na brincadeira a fazer barulho o dia todo e ninguém reclama, andar sem aquele permanente controlo dos pais, pois não havia muito para onde fugir e dado que naquele meio todos nos conheciam acabávamos por ter sempre alguém de olho em nós... mas era uma alegria sentir que éramos livres, que não havia horas para ir para casa, que a chave estava sempre do lado de fora da porta 24 horas por dia, era uma alegria aquela sensação de liberdade... Lembro-me de cair para dentro dos chafariz por andar a apanhar girinos (e levar nas orelhas da mummy por chegar toda molhada a casa...), lembro-me do desespero por cartões para escorregar naquelas colinas, lembro-me do medo de dar a volta da procissão à noite, das histórias da fonte fria (acho que nunca arranjei ninguém para lá ir comigo depois da meia-noite e ainda bem porque depois não sei se eu teria coragem...), lembro-me das tardes a apanhar amoras, lembro-me de tardes passadas a tomar conta das cabras da minha avó e controlar as horas de voltar pelo sino da igreja do Colmeal, lembro-me de os putos se juntarem para chatearem os adultos para arranjar alguém para nos levar para o rio, lembro-me dos banhos no rio, a piada de ver a água cheia de shampô depois do mergulho, lembro-me dos bailaricos, lembro-me das pessoas... Lembro-me também da altura em que aquilo não tinha piada nenhuma e era o pior castigo do mundo ter de ir para lá... não era nada "fixe" passar lá as férias (um bem haja a todos os pais por conseguirem aturar a adolescência dos filhos!).
Agora... olho para trás, sorrio e agradeço... foi e é um privilégio poder ver, poder estar, poder aproveitar, dar valor ao estilo de vida das pessoas (o que nos ajuda a valorizar o nosso e o esforço dos nossos pais que tiveram de abandonar a sua terra em busca de melhores condições), beber água da nascente, acordar e ver aquelas paisagens, sentir aquele cheiro puro (é engraçado como se nota a diferença).
Um obrigado aos meus pais por me terem possibilitado fazer parte daquele mundo, acho que todas as crianças deviam passar por estas experiências... contudo, apesar de achar o sossego mais reconfortante do mundo, de gostar de ir lá, de achar que é um sítio de muitos encantos, vou mas levo o meu carro... e fujo para Góis... (ó pai perdoa-me mas sabes que Góis é mais "eu", o Carvalhal é mais "tu").

E pronto... com um sorriso pelas lembranças de boas memórias acabo o meu post! Continua com o blog, estás de parabéns!

Um beijo grande da filha que vos adora (e que também tem de ter muita paciência... :) ),


Vai um mergulhinho?

1 comentário:

CMoreira disse...

Pronto a filha escreve, o pai já não quer saber do blog...