terça-feira, 29 de setembro de 2009

O Carvalhal e o milho



Longe vão os tempos em que ao percorrermos a rua da volta da procissão ou a rua da escola, na aldeia de Carvalhal do Sapo era lindo ver aquelas terras que serviam de estendedouro, com mantas de retalhos, estendidas sobre palha de centeio, cobertas de milho estendido que secava ao sol de Setembro para depois guardar nas arcas, que ao longo do ano iria ser usado no fabrico da farinha com que produziam a broa indispensável à alimentação dos habitantes da aldeia. Um quadro lindo mas longínquo, pois hoje já pode parecer uma miragem, ter o prazer de apreciar uma imagem real com milho a secar ao sol nesta aldeia. Contudo foi com algum agrado que há dias numa visita que fiz à minha aldeia, tive a sensação de estar a ter uma miragem, um oásis no meio do deserto, encontrar uma dessas velhas mantas com milho estendido, debulhado e em espiga que secava ao sol. Prova disso é uma fotografia que fiz para provar a mim mesmo que não era uma miragem e para poder mostrar a gerações vindouras, como era tratado o milho, após as debulhas, nas aldeias que nos deram vida e nos ensinaram a viver os primeiros anos da nossa existência, no meu caso de toda a minha adolescência. É com muita alegria e saudade que recordo estes tempos. Elogio com sinceridade as pessoas que ainda têm coragem de se aventurar nesta tão árdua tarefa. Um bem-haja por me terem proporcionado um momento de tão rara beleza.

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