domingo, 18 de outubro de 2009

NAS BEIRAS, COME-SE BEM...


Comer bem é sem dúvida algo que nós por cá. beirões, podemos apregoar bem alto! De certo que quem conhece as beiras, não discordará pois sabe que aqui existe uma culinária tipicamente tradicional da gente do povo, desenvolvida com base nos produtos regionais caseiros, com tradição secular passada de geração em geração. São de salientar os enchidos, os queijos, o cabrito, o borrego e o porco.

Tendo em conta que o pastoreio é um dos principais meios de subsistência destas gentes sobressai a grande tradição dos pratos com base na carne de cabra e ovelha. Dos mais notáveis o cabrito na grelha, o cabrito estonado, sem esquecer o tão saboroso cabrito no forno à moda da minha terra, a famosa chanfana das Beiras, um prato típico que nunca falta na mesa das gentes beirãs em dia de comemoração festiva, um prato confeccionado com carne de cabra adulta, levada ao forno em caçarolas de barro preto, o forno que ainda é aquecido a lenha, onde a carne coze lentamente durante várias horas, o que lhe confere um sabor inigualável. Os tão famosos maranhos, prato típico muito apreciado. Ah e a afamada matança do porco (que é sempre tornada numa festa!), os tradicionais torresmos, que vêm com a matança do porco, iguaria que já raramente temos o prazer de saborear na minha terra devido ao facto de já praticamente ninguém se dedicar a esta tarefa.

Claro que já terão percebido que na minha terra quem quiser comer bem ou menos bem terá de ser em casa de família ou amigos, porque restaurante é algo que não existe. Mas existe gente de bons costumes, hospitaleira e de grande carácter, que tem o condão de fazer amigos com muita facilidade, capaz de convidar para a sua casa e sentar à sua mesa qualquer viandante. Mas por momentos, desviei-me do essencial, comer bem. E por falar de comer estou a lembrar-me daquele bolo de cebola cuja base é a cebola, e se adiciona carne ou bacalhau ou sardinhas, conforme a disponibilidade. Bolo este que era regra obrigatória quando se cozia broa, actividade que era normalmente realizada uma vez por semana. Para quem não conhece, acreditam, é uma iguaria sem igual. Uma especialidade da minha terra, Carvalhal do Sapo.




2 comentários:

Carlos Gonçalves disse...

Acácio, um abraço para todo vós!
Também passo muitas vezes pelo teu blog, gosto do modo como retratas toda a tradição ligada à nossa terra.
Eu iniciei a minha escrita duma forma exactamente igual a ti, falando de Travessas, dos costumes e das suas gentes. Hoje disperso-me um pouco mais, tentei a escrita mais ilusória, mais ficção e agora alinhavo palavras de poesia, quando há pouco que fazer a maginação voa.

Um abraço, Acácio!

Carlos

Cusca Endiabrada disse...

Olá!
Desde muito pequenina me lembro da minha mãe dizer:
"Quem não é para comer, não é para trabalhar" a que costumo acrescentar outra coisa que me parece completar a frase e que resulta do facto de no meu entender exigir energia que só se obtêm com alimento e exercício ihihihih
Mas mudando de assunto sem sair do mesmo, hummm aposto que esses pitéus foram condimentados com um pouquinho daquela mezinha que faz crescer água na boca e provoca o mesmo efeito que me fez optar pelos "mexilhões machos" eheheh
Nada que os beirões não possuam naturalmente, é claro eheheh

Muito bom este texto ... um dia ainda me perco em Carvalhal do Sapo

dentadinhas